1948 - 2022 |
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No dia 22 de Julho, o nosso consócio, e também membro do Conselho Científico da SPE, Carlos Fiolhais, Professor Catedrático da Universidade de Coimbra, proferiu a sua "Última Aula", perante uma assembleia que incluía colegas, antigos e actuais alunos, amigos e diversas personalidades da vida académica.
Carlos Fiolhais é uma personalidade amplamente conhecida do público, pois são frequentes as suas intervenções nos meios de comunicação social. Licenciou-se em Física, na Universidade de Coimbra e doutorou-se em Física Teórica em Frankfurt/Main, Alemanha, em 1978.
Faleceu no fim de maio Adolfo Eraso Romero, uma das grandes referências da Espeleologia científica do país vizinho.
No início da sua vivência espeleológica (década de 1950) destaca-se a ligação ao famoso espeleólogo de origem basca Félix Ruiz de Arcaute com quem explora as grutas do polje de Zaldibe (Maciço de Urbasa-Entzia, Navarra-País Basco) e se associa na exploração da Torca del Carlista. Pouco depois, com o Grupo Espeleológico Edelweiss participa nas primeiras campanhas de exploração do Ojo Guareña (Burgos). Promove a criação do Grupo Espeleológico Alavés, nos anos sessenta e, já na década seguinte, está também na origem da formação de um grupo em Madrid ligado à Standard Eléctrica, juntamente com Carlos Puch e Felix Moreno Sorli que viemos (Carlos Costa Almeida, Carlos Sá Pires, Pilar Vicente da Silva e José António Crispim) a conhecer na expedição a Granada onde se exploraram várias grutas das Subbéticas (Sierra Harana).
Integrada na comemoração do Dia Internacional das Grutas e do Mundo Subterrâneo e do Ano Internacional das Grutas e do Carso, a Sociedade Portuguesa de Espeleologia levou a cabo, a convite das Grutas de Mira de Aire, uma sessão contínua de divulgação científica, promoção de educação ambiental e proteção do mundo subterrâneo. Esta sessão decorreu ao longo do dia 6 de junho junto à entrada das grutas permitindo mostrar, de forma didáctica, um pouco da história da descoberta da gruta e dos trabalhos ai realizados pela SPE desde há mais de 70 anos, bem como explicar a génese da formação geológica desta região, dos processos que promoveram o desenvolvimento desta gruta e como se formam as grutas em geral, a circulação das águas no maciço calcário estremenho e nesta zona em particular, bem como os problemas de protecção ambiental, deste que é um dos principais aquíferos subterrâneos do país.
No início de abril faleceu o Professor Jean Nicod, um dos mais eminentes estudiosos das regiões cársicas. Responsável pela da criação de uma “escola carsológica francesa”, a sua tese de doutoramento apresentada à Universidade de Aix-en-Provence em 1967 (“Recherches Morphologiques en Basse-Provence Calcaire”) é um verdadeiro manual teórico e prático sobre a interpretação geomorfológica das regiões cársicas. Jean Nicod não se dedicou só à Provença e à ligação deste território aos Alpes, tendo estendido a sua investigação a muitas outras partes de França e a várias regiões cársicas no estrangeiro. | ![]() Jean Nicod observando lapiás em fase de aprofundamento em estrato exumado, entre os pequenos poljes de Canaux e Caussols (Alpes Marítimos, França). Foto © JACrispim/GeoFCUL, 1985 |
Na conferência virtual sobre património geológico organizada pela Universidade de Oxford em maio de 2020 foi nomeado um grupo de trabalho para preparação de uma proposta à UNESCO para estabelecimento de um Dia Internacional da Geodiversidade. Esse grupo foi constituído pelos professores José Brilha (Univ. Minho), Murray Gray (Univ. Queen Mary, Reino Unido), Zbigniew Zwoliński (Univ. Adam Mickiewicz, Polónia) e Doutor Jack Matthews (Museu de História Natural da Univ. Oxford, Reino Unido). No texto elaborado que foi apresentado à UNESCO em 4 de março de 2021 pode ler-se (tradução livre): “A geodiversidade designa a variedade de elementos não vivos da natureza – incluindo minerais, rochas, fósseis, solos, sedimentos, formas de relevo, topografia, processos geológicos e morfogenéticos e elementos hidrológicos como rios e lagos. A geodiversidade é o substrato da biodiversidade e de todos os ecossistemas, mas tem os seus próprios valores, independentes da biodiversidade.” (https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000375688), |
![]() Fórnia de Alvados, cabeceira de vale em forma de anfiteatro escavado pelo recuo das vertentes em resultado da erosão das nascentes cársicas situadas no sopé. O incremento da visitação tem-se traduzido na acentuação dos caminhos existentes e na abertura de novos trilhos. Correm preocupantes rumores sobre futura intervenção humana no sentido de construção de estruturas artificiais que marcariam o primeiro traço de modificação impactante nesta forma de relevo, até agora mantida no seu estado natural. [Foto ©JACrispim/SPE, 2014] |