Come se sabe, grandes espaços do PNSAC têm sido alvo de plantações intensivas de eucaliptos, nomeadamente as áreas da vertente oeste da Serra dos Candeeiros. Mas novas ameaças relacionadas com a expansão do eucalipto nesta área protegida têm vindo a ocorrer. Trata-se da proliferação de eucaliptos a partir de pequenos núcleos dispersos por todo o parque natural, em geral terrenos de cultivo cuja principal cultura foi abandonada a favor dos eucaliptos.
A mais recente sub-região em risco de expansão do eucalipto compreende as superfícies elevadas entre as serras do Codaçal e as serras da Mendiga. Equipas de campo da Sociedade Portuguesa de Espeleologia que têm percorrido a região estão alarmadas com o ritmo da expansão selvagem do eucalipto após os últimos fogos. No fogo ocorrido no passado ano, cuja principal ocorrência se iniciou junto às grandes pedreiras do Codaçal e se estendeu até aos núcleos de pedreiras de Pé da Pedreira – Cabeça Veada – Cabeço das Pombas, todo o coberto vegetal foi ardido, numa extensão superior a 1500 hectares. Ora, não só as antigas áreas já ocupadas por eucalipto estão em acelerada recuperação, como é habitual, mas acontece que em redor delas brotam milhares de novos eucaliptos a partir de sementes durante anos espalhadas pelos ventos e que após os fogos desfrutam das suas conhecidas vantagens competitivas relativamente às espécies autóctones.
A Sociedade Portuguesa de Espeleologia questionou o ICNF no sentido de saber que medidas têm as entidades responsáveis pela gestão do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros implementadas para evitar que esta tragédia ambiental ocorra.
Considera esta ONGA que é urgente deter a degradação das serras da Mendiga. Comprimidas pela tenaz de pedreiras que avançam de norte e de sul, deixando um rasto de escombreiras e “áreas recuperadas” que mais não são que pedregais ocupados por silvados, tudo o resto tende a ser uma manta aberrante de eucaliptos. A paisagem típica das regiões cársicas, de que este parque deve ser o paradigma e o principal exemplo em Portugal, está a ser rapidamente substituída por uma morfologia vulgar e desinteressante. A possível exploração desses eucaliptais invasores e obrigaria à utilização de maquinaria que, tal como as pedreiras, destruiriam as cornijas, fragas, dolinas e lapiás, como infelizmente já acontece em tantas outras regiões do PNSAC. A desertificação e degradação ambiental desta região seria muito conveniente para a aceitação e justificação da implantação de novas pedreiras, mas seria uma perda incalculável para o património natural do nosso país.
Eucaliptização do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros
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