Sistema Moinhos Velhos-Pena-Contenda

Contenda inundada

No reinício dos trabalhos na gruta da Contenda fomos encontrar os sifões inundados, uma situação que já ocorria antes das chuvas e se agravou com as recentes trovoadas. O plano de trabalhos previsto foi antecipado e no dia 18 iniciou-se já o transporte dos equipamentos de bombeamento de modo a apressar o esgotamento dos sifões iniciais e permitir avançar nas Galerias Superiores.

Poluição do Sifão das Areias, Meandro dos Fósseis e Galeria do Rio

Nova descarga de efluentes da fábrica de transformação de pimentão poluiu as águas desde o Sifão das Areias até à Galeria do Rio na Contenda. As equipas a trabalhar neste sector correram perigo de vida. Esta situação motivou já uma tomada de posição oficial da SPE, encaminhada para a Câmara de Porto de Mós, CCDRC e SEPNA, cujo teor se reproduz a seguir:

“Ex.mos Senhores

A Sociedade Portuguesa de Espeleologia vem por este meio denunciar a grave situação detectada em flagrante na Gruta dos Moinhos Velhos, em Mira de Aire.

No passado sábado, dia 19 de Setembro, uma equipa desta associação explorava um sector situado na parte sul da gruta quando a galeria começou a ser inundada por efluentes de cor vermelha e espuma branca. Em pouco tempo, os gases emanados tornaram o ar de tal modo irrespirável que o retrocesso foi feito em condições penosas e chegou a temer-se pelo sucesso da retirada. Uma galeria situada acima estava também parcialmente inundada com esgoto com as mesmas características. O esgoto aparece através de fendas situadas na parede e no tecto e após inundar a parte baixa da galeria escoa-se por fendas e atinge as galerias inferiores até chegar ao nível freático, contaminando as águas que circulam nesta gruta e nas grutas confinantes (gruta da Pena e gruta da Contenda).
Esta situação tem vindo a ser detectada há vários anos e embora nunca tenha ocorrido como agora, com perigo de vida para espeleólogos, impede durante um largo período do ano a realização de trabalhos no sector sul da Gruta de Moinhos Velhos, contamina todas as águas retidas nas galerias e os cheiros atingem frequentemente a parte turística da gruta (Grutas de Mira de Aire) junto ao elevador de saída.
A ocorrência agora relatada constitui mais uma prova, se necessário fosse, de que o estabelecimento de produção de massa de pimentão (J.A.C. Ferreira, Lda., Rua General Trindade, nº 548, Mira de Aire), situado na vertical das galerias referidas, é o responsável pela produção e introdução dos efluentes na gruta, identificados pela cor, cheiro e sementes transportadas.

A Sociedade Portuguesa de Espeleologia reclama das entidades competentes as diligências necessárias para pôr cobro de imediato a esta situação, de modo a poder continuar os trabalhos iniciados na parte da gruta afectada ou, pelo menos, recuperar o equipamento deixado na zona perigosa.
Para isso consideramos obrigatório:
1 – A cessação imediata do lançamento dos efluentes nas fossas utilizadas pelo referido estabelecimento;
2 – Limpeza das fossas e introdução de volume de água suficiente para efectuar a lavagem das fendas e galerias situadas por baixo;
3 – Selagem completa das fossas, devendo o proprietário passar a fazer a recolha dos efluentes em contentores próprios e efectuar o seu transporte para a unidade de tratamento mais próxima.

Certos do V. empenho em resolver de forma definitiva esta anacrónica situação, que degrada as grutas naturais mais famosas de Portugal, prejudica o turismo a elas associado e é gravemente lesiva da qualidade das águas do sistema aquífero do Maciço Calcário Estremenho, solicitamos ser informados das iniciativas tomadas, bem como da data em que rapidamente poderemos reatar os trabalhos.”

MV-Contenda-2009-09-09P1010099

Tubagem para esgotamento dos sifões iniciais

Preparando o sistema de bombeamento dos sifões iniciais

Moinhos Velhos - Lago inundado com esgoto da fábrica de transformação de pimentão

Aspecto do efluente com espuma branca e sementes de pimentão