Foi no início de Julho de 2010 que principiámos os trabalhos neste sistema espeleológico. O grande volume de água que ficou retido até muito tarde nas galerias e a necessidade de resolver alguns aspectos técnicos dificultaram bastante as primeiras tentativas para bombear os sifões e abrir caminho normal à progressão.

Percebeu-se que só se conseguiria um bom ano de exploração na gruta da Contenda e que a continuação da exploração de ponta na gruta de Moinhos Velhos só seria possível se as chuvas de Outono começassem muito tarde, de modo a permitir a abertura do sifão final da Galeria da Falha.

Com a gruta cheia de água, a opção foi continuar a exploração subaquática e continuar a trabalhar para conseguir fazer a ligação de Moinhos Velhos com a Contenda, agora a partir do Rio Negro. Esta opção verificou-se acertada, pese embora as dificuldades que nos foram colocadas pelo sistema de bombeamento colocado no sifão do P30. Para além de ter sido necessário substituir a bomba foi igualmente preciso colocar uma segunda bomba de apoio para bombear a água do sifão para o fundo do P37.

Na chegada ao ponto de mergulho verificámos que o nível freático estava bastante elevado, tendo a água uma altura de cerca de 2 metros no ponto de início da exploração, ou seja, a descida do último poço era directamente para a água, não havendo, neste caso, possibilidade de colocar uma plataforma. Foi aproveitada uma pequena saliência que permitiu, pelo menos, a equipagem dos mergulhadores.

Os primeiros mergulhos trouxeram complicações adicionais, pois para além de serem iniciados em visibilidade zero, era necessário retirar o fio de Ariana solto  da exploração subaquática efectuada na década de 90. A segurança do fio e a colocação das garrafas de bailout só foi conseguida no final de Setembro, tendo sido apenas possível efectuar um único mergulho de efectiva exploração no dia 3 de Outubro. O mergulho durou 189 minutos e teve uma profundidade máxima de 50 metros. Foi percorrida a galeria que liga a zona do Rio Negro à galeria topografada em 2009 e que nos leva ao limite de exploração em direcção à Contenda. Infelizmente a configuração de equipamento definida para este ano, com os novos rebreathers Halcyon RB80, verificou-se inadequada pois não permitia a transposição de uma passagem estreita junto ao ponto extremo de exploração (a cerca de 500 metros do ponto de entrada). Foram feitas várias tentativas, mas sem êxito. No regresso foram verificadas possíveis continuações em galerias laterais, que permitiram pequenas progressões.

O fim da descompressão deste último mergulho trouxe algumas surpresas com a rápida subida do nível das águas (cerca de 1m), fazendo com que a galeria inicial (Galeria do Rio) estivesse quase fechada (apenas 0,5m da superfície da água ao tecto da galeria). Nestas circunstâncias tornou-se preocupante a situação do equipamento de mergulho que estava na água, pois poderia perder-se se não fosse rapidamente retirado. Neste momento foi dado igualmente o alerta de que os sifões superiores estavam também a fechar e foi mobilizada a ajuda de mais elementos da SPE e da Protecção Civil, com vista a manter a gruta aberta de forma a permitir a saída dos mergulhadores e respectiva equipa de apoio. Apesar da situação de emergência, a saída decorreu quase sem problemas embora o primeiro sifão, na base do P30, estivesse praticamente fechado. Os 10cm de ar ainda disponíveis permitiram que a saída não fosse em apneia ou que fosse necessário esperar pela acção da bomba que entretanto lá fora colocada. De qualquer modo a situação estava controlada pois, em último caso, os mergulhadores poderiam voltar atrás buscar garrafas para passar o sifão.

O fim da chuva torrencial permitiu que nos dois dias seguintes todo o equipamento fosse recuperado e retirado da gruta. O ano de 2011 promete...

Mais uma vez tivemos uma época de explorações com apoio significativo dos sócios. Sem esta adesão e cooperação os resultados dificilmente apareceriam.