Adolfo Eraso Romero (1934-2021)

Faleceu no fim de maio Adolfo Eraso Romero, uma das grandes referências da Espeleologia científica do país vizinho.

No início da sua vivência espeleológica (década de 1950) destaca-se a ligação ao famoso espeleólogo de origem basca Félix Ruiz de Arcaute com quem explora as grutas do polje de Zaldibe (Maciço de Urbasa-Entzia, Navarra-País Basco) e se associa na exploração da Torca del Carlista. Pouco depois, com o Grupo Espeleológico Edelweiss participa nas primeiras campanhas de exploração do Ojo Guareña (Burgos). Promove a criação do Grupo Espeleológico Alavés, nos anos sessenta e, já na década seguinte, está também na origem da formação de um grupo em Madrid ligado à Standard Eléctrica, juntamente com Carlos Puch e Felix Moreno Sorli que viemos (Carlos Costa Almeida, Carlos Sá Pires, Pilar Vicente da Silva e José António Crispim) a conhecer na expedição a Granada onde se exploraram várias grutas das Subbéticas (Sierra Harana).

Foi sócio fundador e honorário da SEDECK – Sociedad Española de Espeleología e Ciencias del Karst.

Das suas contribuições para o avanço da Espeleologia, uma das  primeiras foi apresentada em 1973 no 6º Congresso Internacional de Espeleologia, em Olomouc, onde a SPE o conheceu, e tinha a ver com um “Nuevo método en la investigación del karst: los modelos naturales y la convergência de formas”, no qual chamava a atenção para o facto de formas idênticas aparecerem em diversos tipos de materiais (calcários, gessos, gelo) e o potencial desta circunstância no desenvolvimento de modelos espeleogenéticos. Em 1986, no 9º Congresso, em Barcelona, onde também convivemos, apresentou um tema que defenderia com afinco durante as suas investigações: “The prediction method of the principal directions of drainage in karst”, que releva a importância da fracturação na determinação da orientação das redes subterrâneas. Nos últimos anos da sua vida dedicou-se ao estudo da formação das grutas em gelos, como corolário da fundação em 2010 da GLACKMA – Glaciares, Criocarso e Meio Ambiente, na sequência de um projecto com a mesma designação que desenvolvia desde o início do milénio (2001).

Em 1995 é arguente da tese de doutoramento de José António Crispim e visita várias regiões cársicas de Portugal. Foi como membro da União Internacional de Espeleologia, de que foi presidente, que voltámos a encontrá-lo em vários congressos da UIS e depois, já no início do milénio nas XVII Jornadas Científicas de la SEDECK carso de Ranero, (Karrantza, Bizkaia), justamente num dos seus vários regressos à região da Torca del Carlista.

 

Adolfo Eraso Romero com J.A.Crispim em visita ao Polje de Minde. Foto Carlos Romariz, 1995Adolfo Eraso Romero com J.A.Crispim em visita ao Polje de Minde.
Foto Carlos Romariz, 1995.

Adolfo Eraso Romero numa palestra nas XVII Jornadas Científicas da SEDECK. Foto J.A.Crispim, 2006.Adolfo Eraso Romero numa palestra nas XVII Jornadas Científicas da SEDECK.
Foto J.A.Crispim, 2006.

Capa de publicação sobre as grutas e o carso no gelo, co-editada por Adolfo Eraso Romero em 2003.Capa de publicação sobre as grutas e o carso no gelo, co-editada por Adolfo Eraso Romero em 2003.