O Algar do Ladoeiro, a norte de Telhados Grandes

Este é um dos algares mais impressionantes do Planalto de Santo António, sobretudo devido à sua entrada, de grandes dimensões e coberta de vegetação, e à morfologia da zona de entrada, que apresenta um grande lajedo em bancadas inclinadas para sul. Também foi um dos algares descido por Ernest Fleury no início do século XX, que dele desenhou um esboço topográfico que apresentou nos trabalhos que deu aconhecer.


Algar do Ladoeiro Boca

Entrada do Algar do Ladoeiro, vista de sudeste para noroeste. Ao fundo, João Machado e Eurico Teixeira preparam um perfil de georradar (Foto JACrispim 2004)
 

Algar do LadoeiroFoto do interior do Algar do Ladoeiro que serviu de imagem de capa de Boletim da SPE de 1963 (Foto Abreu Nunes)

Como é natural, esta cavidade também foi das primeiras a ser visitadas pela SPE logo após a sua fundação, nos anos 50 e depois continuou sendo uma gruta de frequente visita. Uma fotografia dos grandes mantos estalagmíticos que cobrem extensas áreas da galeria fóssil fez a capa de um Boletim da SPE do ano de 1963.
O algar situa-se a cerca de 500 metros de altitude, um pouco a sul do topo da vertente meridional do Vale da Canada. Daí avista-se grande parte do Planalto de Santo António entre os cabeços do reverso da Costa de Minde e a escarpa de falha da Encosta de Vale Carneiro, até à serra do Cheirinho, com o patamar da aldeia da Serra de Santo António em primeiro plano.
Afloram ainda as primeiras camadas do Jurássico médio, mantendo a grande inclinação induzida pela falha que naquele vale limita o Castelejo do lado sul. Um feixe de falhas submeridianas corta a estrutura e uma delas constitui o limite ocidental do desenvolvimento do algar.

Além da grande galeria fóssil inicial, à qual se acede por um poço directo com quase 20 metros ou através de ressaltos na parede norte, uma estreita passagem entre grandes blocos do fundo dá acesso a uma escadaria de pequenos poços, com desníveis de 10 a 15 metros, algumas salas e chaminés, até se atingir profundidade superior a 110 metros. Todo o algar é bastante concrecionado e durante grande parte do ano as escorrências são activas.

J.A.Crispim, Maio 2012

Como citar este artigo: Crispim, J.A., O Algar do Ladoeiro, a norte de Telhados Grandes, in  https://www.spe.pt/espeleologia/prospeccao-e-cadastro-espeleologia/337-o-algar-do-ladoeiro-a-norte-de-telhados-grandes, Maio 2012