O Algar da Lomba, no Covão do Coelho

O Algar da Lomba foi descido pela primeira vez pela SPE em Abril de 1963. Vivia-se a época da descida por guincho nos grandes algares, à imagem do que se fazia em França e nos chegava através das notícias de jornais, por vezes trágicas notícias, como a da morte de Marcel Loubens, falecido cerca de uma dezena de anos antes na Pierre-Saint-Martin devido a um acidente durante a subida com guincho.

Se as dimensões da boca do Algar da Lomba permitiram a fácil instalação do guincho, já o facto de apresentar algumas passagens estreitas não favorecia o posicionamento ideal do cabo de aço, que em vários locais cortava a rocha das paredes do algar. A profundidade impedia a comunicação directa entre o fundo e a superfície e a utilização de telefone era um factor adicional de complicação das manobras. Este era o algar com o maior poço directo (80 m) descido até então pela SPE, factor que se juntava aos anteriores para impedir o sucesso da exploração. Da conturbada sequência de operações, resultou uma topografia feita por telefone, uma muito incompleta exploração do algar e o repetido adiamento de novas incursões.

Só cerca de duas dezenas de anos depois a SPE realizaria a topografia sistemática do algar e mais outras duas dezenas de anos foram necessárias para realizar o estudo hidrológico. De facto foi já em 2006-2007 que, numa campanha de traçagens no polje de Minde que incluiu, além de nova traçagem entre a Gruta dos Moinhos Velhos e a Gruta da Contenda e de uma traçagem entre a Gruta do Mindinho e o Olho de Mira, se demonstrou que a Gruta do Regatinho, que tem vindo a ser objecto de explorações pela SPE há vários anos, recebe águas da galeria principal do Algar da Lomba.

Algar da LombaOperação de coordenação da entrada do Algar da Lomba com GPS diferencial

Algar da Lomba - Gruta do Regatinho - Tracagem
A Gruta do Regatinho em forte cheia, no Inverno de 2006.

Como se disse, este algar inicia-se com um poço com cerca de 80 metros de profundidade, no fundo do qual se acede a uma galeria ampla. Esta galeria é interceptada por uma zona de poços que é necessário transpor através de um corrimão para a reencontrar, embora já com características diferentes. Na continuação, outras galerias de menor diâmetro são encontradas e permitem alternativas de percurso até uma zona de confluência de águas onde se atinge a profundidade máxima da gruta, calculada em cerca de 150 metros, para um desenvolvimento total perto de 2 km.

J.A.Crispim, Julho 2012

Como citar este artigo: Crispim, J.A., O Algar da Lomba, no Covão do Coelho, in https://www.spe.pt/espeleologia/prospeccao-e-cadastro-espeleologia/342-a-gruta-da-falsa-no-polje-de-alvados , Julho 2012