As grutas são um dos últimos testemunhos inalterados da Natureza, constituindo verdadeiras reservas naturais. Por isso, os espeleólogos devem assegurar a manutenção das condições originais, evitando que elas sejam alteradas desnecessariamente.
Não retirar das grutas qualquer concreção, vestígio arqueológico, amostra geológica ou exemplar biológico sem que se destinem a um estudo devidamente planeado e com finalização assegurada. (Os "museus" particulares são apenas uma forma de promoção do seu "dono", à custa da depredação da Natureza; muitos dos "estudos" em nome dos quais se roubam às grutas os seus vestígios, são capa de devastações irreparáveis.)
Não alterar a evidência de episódios da história da gruta, não realizando escavações nem retirando concreções já encontradas partidas. (Só os especialistas podem efectuar convenientemente as escavações que forem necessárias; a posição das concreções deslocadas do seu local primitivo por causas naturais só oferece interesse desde que não tenha sido modificada.)
Escolher cuidadosamente um só caminho pela gruta e não lhe acrescentar deambulações desnecessárias.
Deixar as concreções intactas e tão limpas como estavam. (Muitas vezes é desnecessário pisá-las ou encostar-lhe o fato cheio de lama; nalguns casos a progressão numa galeria requer muito cuidado para evitar partir as cristalizações.)
Não fazer incisões nas paredes das grutas nem escrever ou desenhar com a chama do gasómetro.
Não deixar resíduos de carbureto nem lixo e recolhê-lo quando encontrado, por insignificante que pareça.
Evitar fumar, sobretudo nas grutas sem ventilação ou com morcegos.
Evitar deixar dejectos humanos durante as visitas.
Evitar desobstruções quando estiverem em risco concreções ou formas características da gruta. (Caso haja evidência, fornecida por estudo meteorológico, geológico, topográfico, etc., pode-se então desobstruir, mas apenas até se obter a passagem e não se devem utilizar métodos que possam destruir mais do que o estritamente necessário.)
Evitar a produção, dentro das grutas, de gases tóxicos de qualquer natureza (explosivos, motores). Além de serem um perigo para os utilizadores, podem pôr em risco a fauna existente ou constituir problema para posteriores visitantes. Em caso de necessidade inevitável de efectuar trabalhos que os produzam, assinalar à entrada a sua existência.
Manter a zona junto à entrada das grutas limpa e sem alterações desnecessárias.
Esclarecer os habitantes das regiões cársicas sobre os inconvenientes da utilização das grutas como vazadouro de lixo, esgotos e animais mortos, ou do seu entulhamento com pedras.
Denunciar e combater os comerciantes de concreções e cristais das grutas.
Deixar a vida cavernícola (biológica e físico-química) prosseguir tão inalterada quanto possível.
Os espeleólogos devem colaborar e coordenar os seus estudos, em vez de actuarem isolados, evitando tornarem-se assim nos principais destruidores das grutas.
a) Aos principiantes.
A falta de conhecimentos técnicos, científicos e éticos poderá originar graves consequências para o visitante e para a gruta.
Aquele a quem surge a curiosidade de saber o que é uma gruta não deve fazer explorações sozinho ou com amigos na mesma situação.
Deve dirigir-se a uma associação de Espeleologia e não a grupos com interesses dispersos por várias actividades. Só ela lhe poderá dar os conhecimentos técnicos adequados à exploração de uma gruta, advertindo-o ao mesmo tempo das precauções que se deve ter para evitar danificá-la.
b) Aos espeleólogos.
Quem já adquiriu os conhecimentos técnicos e científicos suficientes sobre a Espeleologia e a sua experiência o habilita a entrar numa gruta com principiantes, deve enquadrar apenas um número muito reduzido pois de outro modo não poderá vigiar a sua actuação e evitar que se cometam erros irreparáveis.
Não divulgar a existência de uma gruta entre indivíduos sem preparação para nela entrarem.
Evitar a todo o custo a actuação de vândalos e caçadores de recordações.
c) Às associações de Espeleologia
Uma associação de Espeleologia não deve efectuar visitas a grutas que estejam a ser exploradas ou estudadas por outra associação, sem o acordo desta.
Se uma associação tiver terminado os seus estudos numa gruta ou não tiver previstos nenhuns trabalhos futuros deve facilitar o acesso de outra associação à gruta. Devem mesmo as duas associações estabelecer relações de colaboração, facultando a primeira os resultados já obtidos para conseguirem em conjunto, um estudo tão completo quanto possível.
Aquando da visita a uma gruta deve dar-se o conhecimento ao proprietário do terreno e não se deve fazer desobstruções à superfície sem o seu acordo. Não danificar as sementeiras, muros ou obras existentes.
Quando se destapar alguma entrada de gruta deve-se voltar a tapá-la para evitar que pessoas ou animais nela se precipitem.
As entidades públicas e privadas devem pautar a sua actuação dentro de parâmetros de preservação do ambiente das regiões cársicas.
a) Compete às entidades privadas (pedreiras, indústrias explorações turísticas, particulares, etc):
Não projectar obras que possam destruir ou comprometer a pureza do ambiente espeleológico, quer em profundidade quer nos aspectos da superfície que com eles se relacionam.
Submeter os seus projectos à aprovação das entidades oficiais competentes, de modo a garantir que da sua actividade não resultem danos para o meio subterrâneo.
Informar as associações espeleológicas e/ou entidades oficiais de todas as descobertas efectuadas evitando prosseguir com trabalhos que as obliterem ou danifiquem.
Executar as obras necessárias (fossas sépticas, canalizações de esgotos, etc.) para evitarem a poluição das grutas e regiões cársicas.
Quando se trate de explorações turísticas, estas devem:
Promover a execução dos estudos científicos convenientes preliminares à abertura ou público ou após esta, sempre que se verifique necessário.
Manter o ambiente subterrâneo natural, não o destruindo com obras de acesso nem lhe acrescentando artifícios de "embelezamento".
Evitar que a zona de entrada seja uma zona de destruição.
Evitar a deterioração das grutas pelos visitantes (fumos, lixos, mutilações) ou pelo equipamento (iluminação, etc.).
Não ceder à tentação de uma exploração desenfreada sem controlo do número de visitantes, a ponto de se provocar a alteração do equilíbrio ecológico da gruta, que pode, em último caso, originar degradações irreversíveis.
b) Compete às entidades oficiais (Ministérios, Serviços de Parques, autarquias):
Vigiar o cumprimento rigoroso das leis existentes sobre a protecção da natureza.
Promover acções de planeamento que evitem eventuais degradações do património espeleológico conhecido e que possibilitem o seu conhecimento completo.
Apoiar acções de esclarecimento dos problemas de protecção do mundo subterrâneo junto das populações, entidades privadas e entidades públicas de escalão inferior.
c) Compete aos espeleólogos e associações de Espeleologia:
Alertar para tentativas de execução de empreendimentos que possam provocar a degradação ou poluição do ambiente cársico superficial e subterrâneo.
Evitar eventuais degradações, esclarecendo os potenciais promotores, ou recorrendo para entidades competentes quando aquela acção se mostre insuficiente e actuações mais enérgicas se tornem necessárias.
Informar as associações de Espeleologia e/ou entidades oficiais quando tiverem conhecimento de motivos que necessitem de protecção, pela sua beleza ou interesse científico.
Realizar acções que visem a protecção do mundo subterrâneo e a divulgação dos problemas de poluição e protecção.